domingo, 29 de novembro de 2009

Os olhos do meu mundo


Meu mundo é provido de olhos, olhos que tudo captam, nenhum movimento passa despercebido...
Os olhos do meu mundo são jovens, mas já viram tantas coisas, coisas belas, coisas não tão belas, coisas memoráveis e coisas que eles preferem manter fora de foco...

Meus olhos já viram o amor nascer, mas também o viu morrer... e o mais importante: eles viram o amor renascer.
Os olhos do meu mundo inundaram-se para esquecer pessoas, para esquecer momentos, para esquecer imagens, tornando o meu mundo embassado por longos momentos... Até o nascer de um novo sol, para enxugar todas as lágrimas e voltar ao seu antigo brilho.

Infelizmente meus olhos só conseguem captar a luz, meu mundo não o projetou para captar a escuridão, no escuro ele conta com a percepção dos outros irmãos da família dos sentidos, sobrenome forte, família unida, um sem o outro não é completo.

Meus olhos já viram o choro de uma mãe, mas também viu seu sorriso.
Meus olhos já viram o desapontamento de um pai, mas também viu seu orgulho.
Meus olhos já viram o nascer de uma vida, mas também viu o fim de outras.

Meus olhos já viram meu mundo refletido neles mesmos... é, meus olhos já se viram no espelho, ele gostou de algumas coisas, se decepcionou com outras, mas ele tenta olhar para frente. Pois meu mundo continua girando, meus olhos preferem admirar outros mundos e não ficar perdendo tempo admirando-se ou se depreciando. Aliás, meus olhos odeiam ter pena de si, meus cones gostam do verde da esperança de que se um dia eles forem se olhar denovo, vão se ver diferentes, melhores...

Meus olhos adquiriram uma certa capacidade de enxergar coisas que os olhos banais não enxergam, de ver esperança onde não há quase nem vida, de ver bondade onde há desconfiança, de ver as pessoas além de suas cascas, foi nesse momento que minhas pupilas dilaram...
Meus olhos descobriram de onde vem o verdadeiro brilho da humanidade, a verdadeira beleza, meus olhos descobriram o porquê de certas pessoas lindas em sua casca ficarem tão feias quando melhores observadas e de pessoas que não possuem uma casca tão bem trabalhada tornarem-se tão lindas.

Meus olhos sempre otimistas com meu mundo já vacilaram, já arderam de raiva, já se fecharam a outros olhares, e como arma de guerra, meus olhos bondosos já fuzilaram e talvez tenham matado seu alvo, pelo menos pela duração de um olhar, tempo esse que pode ser eterno em uma mente de boa lembrança.

Meus olhos descobriram a beleza de um sorriso.
Meus olhos descobriram a vivacidade de um sonho.
Meus olhos descobriram que precisam se fechar quando os lábios se encontram, para eles não roubarem toda a beleza do momento para si.

Meus olhos aprenderam a falar, aprenderam a dizer quando estão tristes, quando estão zangados ou quando estão felizes, isso tudo sem precisar de uma palavra, só de um bom leitor, mas não se fazem leitores de olhos como antigamente, os olhos são passados despercebidos na multidão, negros, castanhos, verdes ou azuis, para grande maioria são apenas olhos...


E quando meus olhos se encontraram com os seus, foi quando eles aprederam a falar o quanto te querem.

Você ainda precisa que eu diga a razão para o brilho no meu olhar?

(Pablo Fonseca)

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